Abaixo o imperialismo, o colonialismo e o sionismo!

Distintos camaradas, delegados e convidados,

Em nome do Partido dos Comunistas dos EUA, apresento as mais calorosas saudações, a solidariedade e os melhores votos para o êxito desta conferência da Plataforma Mundial Anti-imperialista em Seul, na Coreia do Sul. Nós vos saudamos!

Gostaria de reservar um momento para recordar e honrar todo o povo coreano que lutou contra o imperialismo, o colonialismo e o fascismo durante mais de um século. Desde a prisão e a tortura até ao martírio, o povo coreano lutou heroicamente contra o imperialismo japonês, o imperialismo norte-americano e os seus aliados durante a Guerra de Libertação da Pátria, e contra as ditaduras militares fascistas impostas ao povo coreano. Honramos a sua memória enquanto lutamos colectivamente para pôr fim ao imperialismo e reunificar o povo e a pátria coreanos.

No dia 9 de Maio comemorámos o 78º aniversário da heróica vitória antifascista da União Soviética sobre a Alemanha nazi. Mais de 27 milhões de pessoas foram mortas na União Soviética, o maior número de mortos de qualquer nação na Segunda Guerra Mundial. Os guerrilheiros comunistas resistiram aos fascistas em todos os cantos do mundo, levando a libertação às massas oprimidas que tinham sofrido tão brutalmente sob o domínio fascista. A comemoração deste ano é ainda mais pungente tendo em conta a operação de desnazificação e a guerra de libertação que a Federação Russa está a levar a cabo na Ucrânia.

Ao pisarmos o solo coreano, temos de reconhecer não só a história de agressão e brutalidade imperialistas, mas também a natureza activa deste campo de batalha. Tal como a Ucrânia, a península coreana está na mira do imperialismo EUA-UE-NATO. Com o apoio dos seus aliados regionais, os Estados Unidos prosseguem as suas sanções agressivas, brutais e ilegais contra a República Popular Democrática da Coreia (RPDC). Os Estados Unidos continuam a agravar as tensões na península coreana, nomeadamente através dos seus grandes exercícios e simulacros militares conjuntos. Estas acções continuam a representar um perigo claro e presente para a RPDC e, em última análise, ameaçam a paz e a estabilidade na região e em todo o mundo.

Os actuais campos de batalha regionais são, sem dúvida, parte de uma guerra muito mais vasta. Há quem defenda que já estamos na fase inicial da Terceira Guerra Mundial. Este argumento analisa as dimensões internacionais das operações de mudança de regime em curso, como as da Síria, categorizando-as como guerras por procuração que fazem parte de uma agressão e de um confronto imperialista euro-atlântico muito mais vasto.

Para os nossos propósitos, seria correcto entender estes campos de batalha, em particular a Ucrânia, a península coreana e Taiwan, como compreendendo uma frente imperialista muito maior numa guerra pela hegemonia global e pela supremacia euro-atlântica. Para fazer frente a esta frente imperialista, temos de nos unir e formar uma frente única anti-imperialista que possa enfrentar este desafio sem precedentes. É esse o nosso dever histórico. Não se pode subestimar o facto de estarmos muito perto da aniquilação. O culto da morte que é o eixo EUA-UE-NATO levou o mundo à beira de um confronto nuclear na Ucrânia e procura fazer o mesmo em Taiwan e na Coreia. Com o seu objectivo de enfraquecer e balcanizar a Rússia e a China, os Estados Unidos e os seus aliados continuam a seguir uma política externa imprudente. Em vez de darem ouvidos à boa vontade demonstrada pela Federação Russa e pela República Popular da China ao longo das últimas décadas, os Estados Unidos procuram impedir a todo o custo a emergência de um sistema mundial multipolar que desafie a sua hegemonia.

Os Estados Unidos continuam a alimentar entre o seu povo o medo e a ansiedade em relação à Rússia e à China. Este fomento do medo é puramente para consumo interno e visa reforçar o apoio aos objectivos imperiais dos EUA. A Rússia, especialmente sob a administração Trump, foi acusada por alguns sectores da classe dominante de interferência eleitoral e de ingerência nos assuntos internos dos EUA. Lançando alegações ultrajantes e sem fundamento, os Estados Unidos ressuscitaram os receios e ansiedades da Guerra Fria. Sabemos que se trata de pura projecção. São os Estados Unidos que se intrometem em eleições no estrangeiro e derrubam regimes que não se submetem ao seu domínio. No entanto, os EUA e os seus aliados cumpriram agora a sua missão de levar a Rússia à guerra contra a Ucrânia. Tal como o cordeiro sacrificial nos tempos antigos, os Estados Unidos prepararam o seu sacrifício de sangue, oferecendo o povo e a nação da Ucrânia no altar da guerra.

A velha questão volta a ecoar nos nossos ouvidos e no nosso movimento. O que é que se deve fazer? Antes de nos apressarmos a responder a esta pergunta, temos primeiro de compreender a natureza do imperialismo contemporâneo. Esta é, na minha opinião, a questão ideológica mais importante do nosso tempo. Não deve ser surpresa para aqueles de nós aqui reunidos que uma profunda crise ideológica assola o movimento comunista internacional. As divisões tornaram-se ainda mais agudas na sequência da Operação Militar Especial lançada pela Federação Russa em 2022. Isto tornou-se evidente quando duas declarações contraditórias emergiram do Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários em Havana, Cuba, em Outubro de 2022.

A divisão pode ser resumida da seguinte forma: um pólo do movimento comunista internacional, liderado pelo Partido Comunista da Grécia (KKE), vê a guerra em curso na Ucrânia como uma guerra inter-imperialista, ou seja, uma guerra entre dois blocos imperialistas. Este ponto de vista vê a Rússia como indistinguível do eixo EUA-UE-NATO. Ou seja, tanto os Estados Unidos como a Rússia são potências imperialistas. O outro pólo, liderado por partidos comunistas como o Partido Comunista da Federação Russa (KPRF) e muitos, se não todos nós aqui reunidos, vê esta guerra como um confronto entre o imperialismo EUA-UE-NATO e a Rússia. Este pólo, que o nosso partido apoia firmemente, vê esta guerra como um acto de expansão imperialista, uma provocação e uma escalada por parte dos EUA-UE-NATO contra a Federação Russa. Não vemos a Rússia como uma potência imperialista que se equipara aos Estados Unidos.

O que esta divisão revela, em última análise, é a incapacidade de compreender o imperialismo nos nossos tempos. Não se trata apenas de uma má compreensão ideológica do imperialismo, mas também de uma incapacidade de compreender e analisar as relações internacionais através de uma versão realista do marxismo-leninismo. Eu diria que nós, comunistas, temos de compreender como funciona o imperialismo e a diferença entre países centrais, semi-periféricos e periféricos. A caracterização da Rússia como imperialista não tem em conta as enormes diferenças que existem entre os Estados Unidos e a Rússia. A Rússia tem uma economia muito mais pequena do que a dos Estados Unidos e não poderia ser caracterizada economicamente como um país central. Na melhor das hipóteses, poder-se-ia argumentar que é um país central na região, mas, de um modo geral, a Rússia é economicamente muitas vezes mais pequena do que os Estados Unidos. Pior ainda, a crença de que a Rússia não é diferente dos Estados Unidos apenas apoia a propaganda EUA-UE-NATO, alimentando as ideologias reaccionárias e fascistas que estão por detrás da expansão da NATO e da UE. É uma estranha e perturbadora reviravolta histórica o facto de tantos partidos comunistas rejeitarem a desnazificação de um país cujo golpe apoiado pelo Ocidente colocou no poder forças neonazis e banderitas.

V. I. Lenine contribuiu teoricamente para o estudo do imperialismo, compreendendo que o imperialismo era a fase mais elevada do capitalismo. Esta fase do capitalismo é caracterizada pela intensificação da concorrência entre monopólios, pelo aumento da financeirização e pela crescente tendência para dividir o mundo pelo capital. A luta entre o núcleo imperialista e os países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos revela as contradições do sistema mundial capitalista. Este desenvolvimento desigual indica claramente o poder do núcleo imperialista não só para controlar as economias, os mercados e os desenvolvimentos políticos, mas também para manter a sua hegemonia na semiperiferia e na periferia.

Esta procura e luta para manter o domínio global está no cerne do imperialismo americano. Basta analisar as bases militares estrangeiras para compreender o verdadeiro alcance e as dimensões do imperialismo contemporâneo. Os Estados Unidos têm mais de 800 bases militares no estrangeiro. Algumas estimativas apontam para um número de quase 1000 bases, tendo em conta todas as bases da CIA e as instalações secretas. Em contraste, a Rússia tem menos de 20 bases militares estrangeiras e a China tem apenas 2.

A partir destas bases militares, os Estados Unidos e os seus aliados podem controlar rotas comerciais importantes, proteger interesses vitais em matérias-primas como o petróleo e explorar nações que possuem os recursos de que o núcleo imperial necessita. Embora alguns acusem a China e a Rússia de serem imperialistas, nada pode estar mais longe da verdade. Ambas utilizam a diplomacia win-win e uma filosofia centrada no povo para orientar as suas relações internacionais e os seus negócios com nações estrangeiras. O socialismo com características chinesas tirou centenas de milhões de pessoas da pobreza e contribuiu para o bem-estar de toda a população da China.

Quantas vezes ouvimos críticas à China em África? Será que a China faz o que o rei Leopoldo fez no Congo ou o que os britânicos, franceses, alemães e outras potências europeias fizeram? Será que a China tem um AFRICOM como os Estados Unidos, com bases e operações em todo o continente? A resposta é um retumbante “não”. A China investiu triliões de yuans no desenvolvimento de muitos países africanos, chegando mesmo a anular dívidas e a aceitar condições generosas. Os Estados Unidos, por outro lado, tiveram um papel importante na desestabilização do continente e no derrube de governos como o de Qaddafi na Líbia.

A actual escalada entre os EUA e a China terá consequências importantes para todos nós. A guerra está a chegar à Ásia Oriental. Ao estarmos aqui na Coreia, temos de compreender que a presença dos EUA neste país coloca o povo coreano em perigo. Se for necessário, o povo coreano e o povo de Taiwan serão sacrificados pelos objectivos do imperialismo EUA-UE-NATO. Temos de compreender este facto e temos a obrigação sagrada de lutar contra qualquer agressão e guerra imperialista.

As nossas tarefas no futuro exigem que todos nós continuemos a investigar e a compreender a natureza contemporânea do imperialismo. Temos de estar unidos e temos de desafiar os pólos ultra-esquerdistas, revisionistas e reaccionários que se instalaram no movimento comunista internacional. Temos de nos opor ao oportunismo e ao facciosismo a todo o custo. Isto exigirá que a guerra ideológica e as polémicas tomem forma no seio do movimento comunista internacional. A nossa estratégia deve ser a de confrontar o imperialismo e unir as forças revolucionárias e anti-imperialistas sob uma única bandeira. As tácticas serão diferentes para todos nós, tendo em conta os nossos contextos particulares, mas a estratégia continua a ser a mesma. O que está em jogo é demasiado elevado para ficarmos de braços cruzados enquanto as chamas da guerra se acendem em todo o mundo.

Nós, nos Estados Unidos, reconhecendo que vivemos no núcleo imperial, compreendemos a nossa obrigação e responsabilidade de confrontar o imperialismo norte-americano no país e no estrangeiro. Como anti-imperialistas, reconhecemos a natureza da luta do povo do Donbass, do povo coreano, do povo chinês, dos palestinianos, dos saharauis, dos cubanos, dos venezuelanos e de todos os povos do mundo que lutam pelo fim do imperialismo, pelo fim do capitalismo e pela sua libertação nacional.

Continuaremos a lutar contra o imperialismo EUA-UE-NATO enquanto prosseguimos no caminho da construção do socialismo-comunismo. Continuaremos a reforçar os nossos laços, a construir o nosso movimento anti-imperialista e a unir as nossas forças para derrotar o imperialismo de uma vez por todas.

ABAIXO O IMPERIALISMO, O COLONIALISMO E O SIONISMO!

ABAIXO O EIXO EUA/NATO!

VIVA O INTERNACIONALISMO PROLETÁRIO!

VITÓRIA DAS LUTAS ANTI-IMPERIALISTAS EM TODO O MUNDO!